Afinal, por que a relação entre futebol e a cultura pop não é tão estreita quanto deveria ser? A Copa está aí, meus amigos, e para entrar no embalo o blog já lançou aqui a sua contribuição. Mas vamos além e fazer um pequeno retrospecto de cinco cruzamentos entre futebol e música.
1) Iron Maiden e Vasco: como muitos ingleses, Steve Harris é fã de futebol há muitos anos. É torcedor do time inglês West Ham, chegando a ingressar nas divisões de base do clube quando tinha 14 anos. Acabou optando pela música, mas a paixão pela bola nunca se foi. Em seus shows no Brasil, aproveita os horários de folga para assistir a jogos de clubes do eixo Rio-SP. Mas a ligação da banda com o esporte foi mais forte no Vasco, que adotou a mascote Eddie em uma de suas torcidas organizadas, a Força Jovem.
2) Bob Marley: a Jamaica gosta de futebol, e Marley também. Na sua visita ao Brasil, em 1980, ficou famosa a partida com o Politheama, o time de futebol de Chico Buarque. Bob, Chico, Junior Marvin, Paulo César Caju, Toquinho e Jacob Miller enfrentaram Alceu Valença, Chicão (músico da banda de Jorge Benjor) e funcionários da gravadora Ariola. Além disso, um mito muito comum na biografia de Bob fala que um machucado no dedão do pé, causado em uma partida de futebol, teria gangrenado a ponto de se tornar o câncer que o matou. Como rastafari, ele se negava a tirar qualquer parte de seu corpo. Na verdade, ele morreu sim de um câncer raro chamado melanoma maligno, desenvolvido sob a unha do seu pé machucado, mas a ferida apenas revelou o já formado câncer aos médicos, e não o teria criado.
Na ocasião em que esteve aqui, o rei do reggae também expressou sua simpatia pelo futebol brasileiro, vestindo a camisa da Seleção.
3) Chico Buarque: o par de olhos claros mais desejado da MPB também adora uma bolinha de futebol. Já foi falado acima sobre o seu time de peladas, Politheama, que sempre conta com convidados pop no elenco, como Toquinho, Alceu Valença, Toni Garrido e Evandro Mesquita, além do supracitado Bob Marley. Quando era jovem, Chico também tentou um teste para jogar no Juventus de São Paulo, mas não ficou com a vaga. Hoje em dia, torce pelo Fluminense.
4) Jorge Benjor: de todos os cantores do País do Futebol, provavelmente o que expôs mais a sua paixão na música foi o carioca Jorge Ben, hoje Benjor. Torcedor convicto do Flamengo, citou o time em diversas composições. O verso mais famoso deve ser o “sou Flamengo e tenho uma nega chamada Tereza”, de “País Tropical”. Mas teve mais: “Fio Maravilha”, sobre o jogador João Batista de Sales que tinha esse apelido; “Camisa 10 da Gávea”, sobre Zico, e “Ponta de Lança Africano”, sobre um jogador fictício chamado Umbabarauma, tão bom que “a cidade ficou toda vazia nesta tarde bonita só para te ver jogar”.
5) Pelé: é uma coisa até irônica isso, mas o maior jogador de todos os tempos sempre que pode expõe sua paixão… pela música. Antes mesmo de se tornar tricampeão mundial, o Rei do Futebol já se metia nas melodias: Pelé gravou o compacto “Tabelinha” com a cantora Elis Regina no ano de 1969, que ainda trazia duas composições dele, “Perdão Não Tem” e “Vexamão”. Depois se uniu a Wilson Simonal para cantar um comercial para uma multinacional de petróleo na época da Copa de 70. Em 78, após jogar nos Estados Unidos, gravou um disco inteiro com 13 faixas em parceria com Sergio Mendes, para um documentário sobre ele.
Chico Buarque nessa entrevista fala sobre o envolvimento de Pelé com a sua carreira paralela: “Sempre que a gente se encontra é igual, porque eu só quero falar de futebol e ele só quer saber de música. Ele adora fazer música, adora cantar, adora compor. Por ele, o Pelé seria compositor”.
E quem não lembra do clássico “A B C”? (não, não é o do Jackson Five)
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Os jogadores brasileiros, que só ouvem pagode, e os portugueses fãs de melacuecas deveriam se inspirar no Rei e ter um melhor gosto musical.